Astrologia e Astrólogos

A Harmonia Celestial by Martin Schulman

Martin Schulman

Interpretação dos Elementos

A astrologia costuma representar o universo em termo dos quatro elementos básicos. Tradicionalmente, o Fogo, a Terra, o Ar e a Água são os elementos sobre os quais se fundamenta toda a filosofia antiga. É praxe estudá-los nessa ordem exata. Mas existe uma abordagem muito mais interessante que lida de forma bem mais clara com a maneira adequada de inserir esses elementos na interpretação do horóscopo.

Todo nascimento (o princípio das coisas) emana da Água. Ela é o solvente universal. Quando o elemento Terra lhe é adicionado, a vida vegetal torna-se possível. Tanto a Água como a Terra são elementos inconscientes. A Água flui, mas não possui consciência disso. As plantas crescem, mas, embora sejam sensíveis a muitas coisas, não possuem autoconsciência. Ao adicionar-se o elemento Fogo, a vida animal torna-se possível. Aqui encontramos o primeiro vislumbre de consciência. Um animal é capaz de desviar-se de uma árvore, por possuir consciência do efeito que uma colisão com ela lhe acarretaria. Ele não deseja a experiência e, portanto, contorna a árvore, em vez de chocar-se com ela. Por isso, ele é consciente. Entretanto, ele ainda é selvagem, por carecer de mentalidade desenvolvida. A capacidade de fazer uso de uma mentalidade desenvolvida é característica do elemento Ar, que simboliza o pensamento e é reservado ao homem. Assim, os signos da Água (Câncer, Escorpião e Peixes) e os da Terra (Touro, Virgem e Capricórnio) possuem uma qualidade inconsciente. São dotados de conhecimento e intuição instintivos e são altamente sensíveis ao ambiente. Eles mais sentem as forças da natureza do que pensam. Isso não significa que não sejam capazes de pensar; significa apenas que sempre que o fazem se baseiam em impulsos oriundos de sua percepção sensorial inconsciente do que se passa ao seu redor. Os signos do Fogo (Áries, Leão e Sagitário) e os do Ar (Gêmeos, Libra e Aquário) têm uma qualidade consciente. Em vez de receberem estímulos inconscientes do meio ambiente, eles tendem a ser mais independentes em relação ao que se passa ao seu redor. São menos arraigados, mais mutáveis e, conseqüentemente, mais preocupados com aquilo que podem fazer acontecer! Isso poderia nos levar a acreditar que os signos do Fogo e do Ar têm uma vantagem definida sobre os signos da Água e da Terra. E se observarmos que a realidade, ou ao menos sua aparência, parece imprimir-se constantemente nos signos da Água e da Terra, enquanto os signos do Fogo e do Ar se mostram capazes de imprimir sua aparência à realidade, essa vantagem parecerá ainda mais pronunciada. O fato, porém, é que os signos da Água e da Terra são mais sensíveis. A maior parte das obras de poesia, música, arte e estética provêm das capacidades receptivas dos signos da Água e da Terra. Os signos do Fogo e do Ar fornecem a centelha e o estímulo intelectual sobre os quais as bases da cultura são edificadas. As diferenças que parecem conferir aos elementos conscientes vantagens sobre os inconscientes não podem ser comparadas. Os elementos inconscientes gozam de uma enorme profundidade que os elementos conscientes não possuem. Mas compará-los seria a mesma coisa que “comparar uma planta a um cão”. São coisas diferentes que exercem funções diferentes. Cada uma possui o seu lugar. E, talvez mais importante ainda, cada elemento percebe a realidade à sua própria maneira.

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Os Signos da Água

É importante compreender as qualidades dos elementos. Quando pensamos na água, concebemos umidade, fluidez, movimento, reflexão, lavagem, limpeza, purificação, batismo, e nos lembramos de gotas, rios, riachos e oceanos. Um dos princípios da física diz que a água sempre busca o seu próprio nível. Se tomarmos um tubo em forma de U e despejarmos água em qualquer uma de suas extremidades, seu nível subirá no lado oposto até que os dois lados se igualem. Isso se revela importante quando considerarmos que os signos da Água são signos emotivos. Esta pista nos leva a compreendermos que as emoções buscam constantemente equilibrar-se. Por isso, as pessoas altamente emotivas poucas vezes são muito claras. As emoções tendem a contrabalançar-se uma por intermédio das outras. Isso explica por que as pessoas emocionalmente felizes tendem a atrair pessoas tristes. As pessoas emocionalmente estáveis atraem pessoas emocionalmente instáveis. Dessa forma, as águas da emoção, independentemente da forma adotada, se contrabalançam. São os desígnios da natureza.

Os emotivos signos da Água baseiam sua vivência no que sentem. Câncer, Escorpião e Peixes são signos altamente intuitivos e psíquicos. Sentem a rejeição, a solidão, o medo, a tristeza, a angústia e o amor em muito maior profundidade que os demais signos do zodíaco. O elemento Água lhes confere uma vida muito rica no mundo dos sentimentos. As pessoas desses signos reagem às variações do tempo com a mesma espontaneidade com que uma planta se inclina em direção à luz solar. Elas respondem de maneira instintiva às variações inconscientes do humor dos que se encontram ao seu redor.

Outra das propriedades da Água é a capacidade de reflexão. Essa reflexão pode ser límpida ou distorcida, de acordo com a serenidade ou a turbulência da água. Os três signos da Água são refletores da emoção inconsciente. Portanto, uma forte quantidade de “ilusão” encontra-se associada a esse elemento. Não é tanto da realidade, mas de suas transformações, que se ocupam as pessoas desses signos. A única coisa que aparenta realidade para elas é a sensação que as coisas provocam nelas.

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Os Signos da Terra

Os signos da Terra enxergam a realidade de outra maneira. Touro, Virgem e Capricórnio se preocupam com a forma, com a matéria, com o físico-material. São sensíveis à estrutura sólida das coisas. Nesse sentido, não possuem tanta consciência do que acontece momentaneamente quanto os signos da Água; eles possuem consciência daquilo que é. O respaldo, a segurança, a firmeza, a certeza da estabilidade são qualidades do elemento Terra. Uma certa funcionalidade encontra-se vinculada com o elemento Terra, uma vez que ele busca relacionar-se com o que é útil, demonstrando pouco interesse pelo que não o é. As coisas foram feitas para serem usadas. Elas possuem um propósito e têm de servi-lo, ou então, são inúteis. Se procurarmos imaginar as qualidades da Terra, pensaremos no pó, na areia, em rochas, em árvores e em tudo o que emana naturalmente da Terra. São os materiais que utilizamos na edificação de estruturas. É interessante observar que o elemento Água, devido á sua sensibilidade emocional inconsciente, busca sentir tudo o que a natureza lhe oferece, ao passo que os nativos do elemento Terra procuram edificar estruturas para isolarem e filtrarem muitas das forças da natureza. E, para essa construção, valem-se da própria fibra da natureza. O elemento Terra possui uma firmeza não encontrada em nenhum dos outros elementos.

A Terra sustenta e matem. Ela é o solo da vida, que contém em seu interior a substância da qual emanam todas as coisas. Os três signos da Terra possuem a qualidade de conservar a substância de sua essência em seu próprio interior e de utilizá-la da melhor maneira possível. Preocupam-se com a preservação de tudo o que é importante para eles. No universo, a quantidade se manifesta como um processo de transbordamento, mas a qualidade se apresenta como um processo interior. Os signos da Terra preocupam-se com a qualidade das coisas. Qual é a qualidade básica que um ser, ideia ou objeto encerra? A partir dessa qualidade, eles conseguem determinar a natureza da substância e compreender se é válida ou não. Portanto, o que é “real” para um signo da Terra é a qualidade que algo contém.

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Os Signos do Fogo

Os signos do Fogo percebem a realidade de maneira totalmente distinta. Áries, Leão e Sagitário buscam empregar a energia criativa. Quando pensamos no elemento Fogo, concebemos calor, luz, faíscas, chamas, brilho, fulgor e o próprio Sol. A Criação não existiria sem o Fogo. O motor de um automóvel funciona a partir de uma faísca e é assim que começam a funcionar também todas as idéias incipientes. O ardor sexual precisa estar presente para desencadear o impulso sexual e impelir à ação. Ele atrai a atenção para coisas que de outro modo passariam despercebidas e, mediante essa atenção, todas as coisas começam a funcionar.

Os signos ígneos detêm forte capacidade de excitação. Irradiando energia e vitalidade, impulsionam as idéias dormentes nos outros, a fim de que elas se convertam em ação. Não se trata aqui de qualidade; é a quantidade da qualidade que é importante para eles. Em outras palavras, a sua preocupação é com o transbordamento da qualidade contida no interior. A energia potencial não possui nenhum significado para os signos do Fogo. É a energia cinética ou energia de ativação que constitui o foco de sua atenção. Muitas variações podem se originar a partir de diferentes combinações, mas nada acontecerá enquanto as combinações não forem efetivadas. As combinações ocorrem por meio da atração magnética entre pessoas, idéias e coisas distintas que, separadamente, possuem um significado próprio; mas que podem vir a tornar-se algo muito maior que sua soma quando colocadas em contato. Os signos do Fogo são centros de atração que estimulam e colocam as coisas em contato, a fim de viabilizarem a criação. Muitas coisas são dotadas de beleza vívida e intensa, mas nenhuma delas resplandeceria sem o elemento Fogo.

Podemos dispor de todos os ingredientes para uma refeição deliciosa, mas nada acontecerá enquanto não acendermos o fogo. A “realidade” para um signo do elemento Fogo prende-se a fazer as coisas acontecerem, ou seja, ao próprio ato de criar.

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Os Signos do Ar

Os signos do Ar representam a quarta maneira de perceber a realidade. Gêmeos, Libra e Aquário preocupam-se com o pensamento. Para eles, a ideia de uma coisa é por vezes mais vívida que a própria coisa. Quando imaginamos as qualidades do Ar, pensamos em leveza, não-contenção, intangibilidade, brisa, mobilidade, invisibilidade e uma certa suavidade. É justamente no tocante a esta última qualidade que as pessoas costuma enganar-se quanto à natureza dos signos do Ar. O Ar é, sem sombra de dúvida, o mais poderoso dos elementos, pois pode penetrar através de qualquer brecha. A Água, a Terra e o Fogo podem ser contidos com muito maior facilidade do que o Ar. O que é que pode conter o pensamento? Ele é a realidade mais elevada no homem, pois o homem é aquilo que pensa.

Os signos do Ar buscam o conhecimento. A obtenção da sabedoria é a sua meta final. Eles se identificam com aquilo que sabem e sentem insegurança diante do que desconhecem. Estão constantemente trocando idéias com os outros com vistas a uma disseminação do conhecimento no mundo. O Ar é um tanto inconstante e independente, mas essa é a única maneira de que dispõe para poder transportar livremente o pensamento. O Ar é capaz de ascender para além do Fogo; não é limitado pela Terra, nem se perde na Água. A mentalidade humana simbolizada pelo elemento Ar encontra-se acima da vida marinha, vegetal e animal representada pelos outros elementos. A capacidade de pensar é a maior dádiva do homem! É graças a ela que ele pode inquirir sobre a ordem do universo e, dessa forma, aumentar sua compreensão em relação a ele. Mas um dom não é um dom a não ser que seja usado. O homem precisa aprender apensar, pois só quando assim o fizer transcenderá sua natureza inferior. O pensamento conduz inevitavelmente a formas mais elevadas de pensamento e traduz a própria característica humana da busca constante. É essa qualidade que desperta o interesse pelo verdadeiro sentido da vida. Os signos do Ar, na qualidade de pensadores e buscadores, preocupam-se com o aspecto real das relações entre as coisas. Como as idéias se inter-relacionam? Como as pessoas se relacionam entre si? Como diferentes realidades se interligam? A verdadeira “realidade” para eles é: qual a natureza da realidade?

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A Interpretação dos Elementos no Horóscopo

A coisa mais importante que um astrólogo pode fazer por uma pessoa é ajudá-la a harmonizar-se consigo mesma. Ao olharmos para a floresta, obtemos dela uma primeira impressão, à medida que nos aproximamos mais, a natureza da árvores faz-se visível. Algumas florestas possuem vinte por cento de carvalhos, quarenta por cento de bétulas, trinta por cento de bordos e dez por cento de pinheiros. Outras apresentam uma composição e um equilíbrio bastante diferentes. O mesmo se dá com o horóscopo. Ao contarmos os elementos dos signos nos quais os planetas aparecem, saberemos se estamos lidando com uma floresta de carvalhos, de pinheiros ou de qualquer outro tipo. O elemento dominante indica sempre como a pessoa pode melhor sintonizar-se consigo mesma. Às vezes, falta um dos elementos. Isso denota um tipo de vibração que a pessoa tende a vivenciar a partir de outras pessoas. Uma pessoa sem quaisquer planetas no elemento Fogo pode possuir grandes habilidades, mas necessitará de outras que estejam em contato com esse elemento para efetivar a conexão entre as suas possibilidades e colocá-las em funcionamento.

Não obstante a tendência geral de um mapa, diferentes árvores coexistirão sempre no interior da floresta, e suas modalidades são as cores, as nuanças e os tons particulares que a compõem. Os elementos são o mecanismo de afinação que determina a textura geral da floresta. É aqui que a imparcialidade do astrólogo se revela de extrema importância. Em nível pessoal, ele pode não apreciar ou ainda não estar familiarizado com o tipo de combinação de elementos que um mapa apresente; mas ele deve forçosamente interpretar o mapa com base nesses elementos se deseja que a sua interpretação seja útil ao cliente.

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As Estações e as Qualidades Zodiacais

No Hemisfério Norte, o ano divide-se em quatro diferentes períodos que denominamos estações. A cada três meses ingressamos numa nova fase do ciclo completo. O ano astrológico se inicia com a primavera. Nessa época, a vitalidade recém-desperta da natureza emerge após a dissolução do tapete de neve que a cobria. O gelo das águas se derrete e a terra fresca suaviza-se para dar vida à nova estação. O ar se torna vibrante e o sol envia às sementes nutridas no inverno a promessa de florescimento, e elas começam a exibir os primeiros sinais de verde.

Os signos zodiacais de Áries, Touro e Gêmeos trazem com a primavera a esperança do ano vindouro. A juventude desses três signos assemelha-se aos brotos das árvores e à relva tenra e verde que começa a se desenvolver, sem ter, contudo, atingido a plenitude do seu potencial divino. Na medida em que a primavera dá passagem ao verão, os botões e os brotos florescem, e a abundância de cor revela-se por toda parte. A atividade aumenta. Os dias são mais longos, e maior quantidade de luz solar se derrama sobre toda a criação. Em toda parte, folhas, brotos e plantas florescem, frutificam, amadurecem. O ritmo natural da abundância é visível a todos.

Os signos zodiacais de Câncer, Leão e Virgem trazem com o verão as matizes enriquecidas da luz perfeita que advém da frutificação das promessas da primavera. Um aroma paira sobre o ar nessa época em que as fragrâncias mais suaves realçam a pureza da beleza natural. Os produtos da terra são abundantes e asseguram ao homem o sustento para o ano.

Quando o verão cede passagem ao outono, a alegria da colheita encontra-se presente em toda parte. O que foi prometido na primavera e bem cuidado durante o verão pode agora ser colhido e comido. É tempo de colher o que foi semeado anteriormente. A natureza se doa para que o homem possa receber o seu legado cósmico.

Os signos zodiacais de Libra, Escorpião e Sagitário trazem com o outono as cores mutáveis da beleza natural aperfeiçoada. A natureza finalmente entrega ao homem suas dádivas. Reina supremo o amadurecimento e o homem pode alimentar-se dos frutos. Por meio da cornucópia da natureza, o homem recebe a concessão das promessas divinas.

Quando o outono dá lugar ao inverno, as árvores se despem. Sua casca enrijece e elas então se voltam para a vida interior. Rios e lagos se congelam para protegerem a vida sob a superfície. A neve macia volta a formar um tapete branco para proteger e manter aquecidas as raízes e as sementes até o despertar da nova estação. É uma época em que a natureza conserva a si mesma ao esconder seus preparativos para o novo ciclo.

Os signos zodiacais de Capricórnio, Aquário e Peixes trazem com o inverno a compreensão amadurecida dos desígnios da natureza. A sutil qualidade mística daquilo que não pode ser visto atua para assegurar o futuro. A natureza renuncia a mostrar toda a sua beleza até a chegada da nova estação.

Vemos, pois, que as qualidades essenciais dos doze signos do zodíaco são na realidade manifestações parciais da própria qualidade da natureza. Cada um possui uma razão própria e específica de ser. E se a natureza lhe faltasse um desses doze filhos, seu plano magnífico não poderia se concretizar.

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As Qualidades Zodiacais

Distinguimos na astrologia três qualidades básicas que simbolizam a trindade de intenções da natureza. Denominamo-la tipos Cardeal, Fixo e Mutável de comportamento da lei natural. O cardeal é um pássaro canoro americano dotado de brilhantes penas vermelhas. A flor cardeal também é uma brilhante flor vermelha. Ambos atraem grande atenção. Na astrologia, os signos Cardeais iniciam as estações. Áries é o iniciador da primavera. Câncer é o iniciador do verão. Libra inicia o outono e Capricórnio inicia o inverno. Assim, nos signos Cardeais, podemos observar o início de cada uma das quatro fases da natureza. Eles possuem desperta a qualidade do interesse que serve para energizar cada fase, a fim de que ela possa dar seguimento ao desenrolar natural dos processos.

As pessoas com o Sol num signo Cardeal expressam sempre a qualidade natural da iniciativa. No que quer que façam, estão sempre adiante, forjando novas trilhas, abrindo caminhos por onde outros pés nunca pisaram e explorando o que ainda não foi desvendado. Aqueles que não possuem o Sol num signo Cardeal, mas possuem outros planetas em signos Cardeais, absorvem esse mesmo tipo de qualidade à medida que os planetas se deslocam no céu, traçando inícios de estação na consciência, a fim de que novas obras possam ser edificadas. A qualidade primitiva encontrada nos signos Cardeais amadurece progressivamente com o desenrolar do ano. Em Áries transparece o espírito juvenil de pioneirismo cujo entusiasmo gera o início do ano. Câncer é um tanto menos primitivo, mas, como dá início à estação do verão, não deixa de significar começo. A diferença é que lhe forma adicionadas as noções de cuidado, nutrição e calor. Em Libra temos o início da colheita de outono; um sentido mais amadurecido de delicadeza, equilíbrio e harmonia mental se manifesta por intermédio de um forte sentido de justiça e decência. Quando a última estação principia em Capricórnio, contemplamos a magnitude da sabedoria vivida das eras manifesta na preocupação humana de preservar valores mais significativos do que o seu eu pessoal. Portanto, a ideia de começo na natureza pode manifestar-se de quatro modos diferentes. O homem pode começar a plantar a semente (Áries) ou pode começar a fertilizar a plante em fase de crescimento (Câncer). E pode ainda começar a colher os frutos (Libra) ou começar a preparar o solo para uso futuro (Capricórnio).

A palavra Fixo simboliza tudo aquilo que é firme, sólido e ordenado de maneira a garantir certa estabilidade. Uma Estrela Fixa desloca-se apenas dois graus a cada cem anos. Sua posição é, portanto, confiável. Novos galhos crescem nas árvores a cada ano, mas as suas raízes se encontram firmemente fixadas no solo. É natural acreditar-se que a tendência de uma árvore é permanecer sempre onde se encontra. É desse tipo de confiabilidade e firme sustentação que são constituídos os signos Fixos. Os signos Fixos são sempre os segundos da estação, ou seja, os que ocupam o seu auge. Cada um, por sua vez, sustenta e mantém a qualidade específica da estação graças a essa característica de confiabilidade. Touro é o Fixo da Primavera. Leão é o Fixo do Verão. Escorpião é o Fixo do Outono. Aquário é o Fixo do Inverno. Embora toda estação principie por um signo Cardeal, é graças à característica estável dos signos Fixos que ela atinge a plenitude que a caracteriza. O signo terrestre de Touro caracteriza a primavera, em que a atenção se encontra voltada para o amanhamento para o plantio. O signo ígneo de Leão caracteriza o verão, em que o calor fulgurante faz a natureza florir e frutificar. O signo aquático de Escorpião caracteriza o Outono, quando a natureza dá a impressão de esconder sua beleza exterior e de findar um ciclo. O signo aéreo de Aquário identifica o Inverno, em que o silencio impessoal da natureza se manifesta, enquanto ela se prepara para as qualidades inesperadas do futuro.

As pessoas que possuem o Sol num signo Fixo estão constantemente aprofundando-se em algo, o que simboliza a capacidade de envolvimento da natureza. Elas buscam a solidez, pontos seguros de referência, e manifestam um dinamismo que deixa impressões profundas no que quer que façam. Daí advém o sentido de permanência que emana de tudo o que os signos Fixos representam. Se alguém não possui o Sol num signo Fixo, mas possui outros planetas nesse tipo de signo, esses planetas exibirão a mesma característica centralizadora, e a mesma força e segurança, manifestando a tendência involutiva da natureza e o propósito de seu poder. Com o desenrolar do ano, os signos Fixos vão cumprindo pouco a pouco o seu propósito através de uma espiral evolutiva ascendente. Em Touro observamos a solidez primeva da terra que se prepara para receber as sementes do plantio de primavera. Em Leão deparamos com o fulgor diferenciado que brilha por sua própria força, sem deslocar-se do seu centro fixo. Escorpião simboliza a característica do amadurecimento que já atingiu a compreensão da importância dos desfechos e finais, e a natureza fixa do signo não vacila em destruir o que não se mostra mais útil. Finalmente, em Aquário manifesta-se a ideia impessoal da evolução da humanidade. Porém, por ser ele um signo Fixo, as vias pelas quais as idéias transformadoras se apresentam estão fortemente vinculadas com um elevado sentido de permanência, que nunca se altera de fato.

Os signos Fixos representam, pois, diferentes etapas de permanência ao longo das quais a humanidade desenvolve um sentido de propósito e realização; toda sensação significativa de segurança na vida provém dos signos Fixos.

A palavra Mutável indica mudança. Toda estação se inicia e é preservada por um certo tempo, mas deve graciosamente ceder lugar à nova estação. O impacto inicial de cada estação representado pelos signos Cardeais é sustentado e mantido pelos signos Fixos; depois disso, a estação é transformada à medida que cede lugar à estação seguinte. Por isso, os signos Mutáveis ostentam sempre os sinais de declínio de uma estação, ao lado da antecipação da seguinte. Neles, a natureza manifesta plenamente o seu pujante aspecto de transformação. Gêmeos simboliza o final da primavera, que se converte em verão. Virgem simboliza o final do verão, que se converte em outro. Sagitário é o final do outono, que se transforma em inverno. E Peixes simboliza o final do inverno, em que a neve se derrete e se funde nos riachos cristalinos do início da primavera. Verifica-se sempre nesses signos a dualidade decorrente da simultaneidade do fim de uma fase e do início de outra passagem das estações.

As pessoas que possuem o Sol num signo Mutável expressam sempre as qualidades yin e yang que são inerentes a qualquer tipo de transformação. Elas conseguem detectar as falhas no antigo e as dúvidas no novo à medida que o passado, que se desfaz diante dos seus olhos as obriga a precisarem da qualidade desconhecida que é o futuro. Devido a isso, um certo sentido de incerteza permeia todos os pensamentos e atos das pessoas desses signos. Se uma pessoa não tem o Sol num signo Mutável, mas apresenta outros planetas nesse tipo de signo, esses planetas manifestarão a mesma característica mutável e descomprometida que caracteriza esse modo de entrega da natureza. Da mesma forma que os signos Cardeais e Fixos, também os signos Mutáveis evoluem ao longo do ano. Em Gêmeos observamos um processo superficial de clivagem entre primavera e verão, momento em que o homem começa, por meio de sua mente inferior, a compreender o conceito de dualidade. Virgem, de maneira um tanto mais sofisticada, busca compreender o sentido da ordem em meio a um mundo de partículas fragmentadas. Em Sagitário verificamos um tipo mais amadurecido de atitude diante da transformação e do movimento, na medida em que a mente superior do homem tenta compreender a totalidade das coisas a partir de uma perspectiva mais ampla. Por fim, em Peixes deparamos com a compreensão intuitiva completamente desprovida de formas, na estação em que o ano inteiro se entrega ao seu criador.

Vimos, pois, que os doze meses do ano se encaixam em quatro estações que interagem de forma cooperativa e sucedem uma às outras de acordo com a ordem natural; vimos também que cada estação é iniciada, preservada e transformada por meio das qualidades Cardeal, Fixa e Mutável.

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